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Quando mãe e filha são amigas demais

Daniel Luiz
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A psicóloga, psicoterapeuta e psicodramatista Cecília Zylberstajn é categórica: há mais contras do que prós quando há excesso de confidências.

O mais saudável é manter o modelo de mãe-companheira, ou seja, aquela parceira, que apoia, se preocupa e acompanha de perto a vida da menina, participa de decisões, porém, reafirma sua autoridade.

“A amizade é uma relação simétrica e não hierárquica. Uma amiga não dá bronca na outra, não repreende. E aí está o perigo. A mãe não consegue cumprir seu papel”, argumenta.

Na casa da professora Anna Carolina da Rocha Geraldo Gimenez sempre existiu muita transparência com a filha Manuela, agora com 18 anos. Mesmo assim, existem regras que precisam ser seguidas, como prioridade para os estudos e horários para chegar em casa.

“Acho importante explicar sobre as coisas do mundo e do coração, saber o que ela pensa. Falo abertamente sobre qualquer assunto. O lado bom é que consigo orientá-la e acredito que a relação aberta é o melhor caminho para que tenha verdadeiros valores, como respeito, amor ao próximo, responsabilidade, dignidade e honestidade”, diz.

A contadora Rosangela Martins da Silva se baseou na própria história de vida para mudar o roteiro com a filha Ana Carolina, de 14 anos. “Minha mãe era uma pessoa fechada, que não participava, e eu acabei cometendo erros que não eram necessários. Optei por ser próxima da minha filha porque não tive isso”, afirma, ao comentar a confiança mútua e a facilidade com que a menina pede seus conselhos.

Alerta vermelho

A filha tem todo o direito de compartilhar experiências com a mãe, porém, o contrário pode gerar uma relação irreal. “A mãe tem que exercer o papel de cuidadora. Usar a filha como confidente pode se tornar abusivo”, relata Cecília.

Por exemplo, a menina pode contar sobre sua vida sexual para que a mãe aconselhe e a leve ao ginecologista, mas a mãe não pode simplesmente ser uma “ouvinte amiga”. Quando a hierarquia não fica clara, a adolescente pode se sentir abandonada, sem cuidados.

Outro problema sério apontado pela psicóloga são mães que usam a filha como suporte emocional, em especial quando não são casadas ou são divorciadas. Há casos em que ela quer dividir a mesma cama com a menina ou acha válido sair no mesmo grupo de amigos.

“Isso gera ansiedade e sensação de responsabilidade à menina, com papéis invertidos. Filhos não têm que cuidar de pais”, enfatiza.

Aliás, envolver-se demais com a turma de amigos adolescentes pode resultar em negligência. Não são raros os casos em que a menina exagera na bebida e a mãe não toma providências por acreditar que isso faz parte da vida.

E é exatamente nesse ponto que a professora Anna Carolina coloca em prática seu lado cuidadora. “Quando acontece de exagerar na bebida, converso muito, muito, muito”, diz.

Nem pra mim, nem pra ela

Na adolescência, é natural que a filha queira se distanciar da mãe para criar sua própria personalidade. E, segundo a psicóloga, as meninas emitem sinais que podem guiar as atitudes da progenitora. 

“A adolescente pode se fechar mais, costuma ser muito crítica, briga e fica brava com a mãe. Nesse momento, é hora de pensar: ‘Será que estou respeitando o limite a minha filha? Será que estou enxergando as necessidades dela?’”, pondera.

Embora Rosangela e Ana Carolina tenham estabelecido uma relação de parceria, nem sempre a paz reina entre as duas. “Às vezes tenho que dizer: ‘Calma ai mocinha, sou sua mãe, não se esqueça não’”, conta Rosangela.

Vivendo em paz

Antes que a relação entre em pé de guerra, é importante conversar francamente sobre limites, horários e responsabilidades, ouvindo as ponderações da adolescente. Dessa forma, fica mais fácil chegar a um consenso.

A psicóloga explica que regras impostas dificilmente dão certo. Já quando são formuladas em comum acordo, ficam mais fáceis de serem cumpridas. Se a menina não obedecer, saberá que está quebrando esse acordo.

Nesse quesito, Rosangela e Ana Carolina se entendem bem: “As regras são claras. Quando ela me questiona, explico meu ponto de vista e, na maioria das vezes, ela acata. Porém, tem liberdade para falar quando se sente injustiçada ou quando não gosta de algo”, completa a contadora.

Se você sente frio na barriga só de pensar na adolescência da sua filha, saiba que pode traçar um futuro mais calmo entre vocês duas – ou mesmo mudar o presente.

Estudos indicam que quanto mais refeições de qualidade forem realizadas em família – isto é, sem interferência de televisão, tablets, celulares etc – melhor é o relacionamento entre pais e filhos e, consequentemente, mais próximos eles serão. Fica a dica!